quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Flores Na Terra - parte II - continuação

No dia seguinte, logo após o almoço, Custódio vai até a casa do prof. O'Brian para convidá-lo a ir com ele novamente fazer aquela visita ao reverendo Flores. Para seu total espanto, ao entrar na casa do prof., dá de cara com o próprio Flores! Tomando chá com O'brian.

Sem entender o que acontecia ali, o jovem fica extático por alguns segundos, até que o prof. o convida a juntar-se ao chá. Para surpresa de Custódio, os dois senhores iniciam uma conversa da qual ele não consegue entender bulhufas! Olhando ora para um, ora para outro, irritado, o rapaz se levanta fazendo menção de sair, quando o prof. pede com um gesto que ele se sente. Em seguida, chama naquela estranha língua, um homem vestido com uma roupa que mais parecia uma fantasia de inca venusiano. Apresenta-o como um tradutor universal de línguas.

Custódio acalma-se e pergunta se o inca tradutor irá traduzir para ele a conversa do prof. com o reverendo. Mais do que isso, responde o prof. O'Brian, ele irá traduzir para você a história que meu pai, apontando para Augusto das Flores, irá contar-lhe!

Assustado, Custódio pergunta quase gritando: Seu pai, prof. O'Brian? Como isso é possível? Ele parece bem mais novo que o senhor! O senhor não é estadunidense? De onde o reverendo vêm?

O prof., pedindo que Custódio se acalmasse, faz um aceno com a cabeça para o reverendo. Este, começa a falar monocordicamente naquela língua esquisita, com a voz horrivelmente esganiçada e a eterna face de múmia congelada: $%^{[{}];,.kiudeisoam ===k;?>,u7654mckoajusns,njhaqqr@3$%6&*blupblupblup......rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr.....rrrrrrrrrrrrrrrrrr......blupblupblup.....

Após cada pausa na fala, o inca inicia sua tradução:

Eu, Augusto das Flores, venho do planeta MayFlower. Lá, recebi a missão, como vários outros altos funcionários do governo, de procurar planetas cujos habitantes fossem fisiologicamente parecidos conosco.

Enquanto o reverendo ia contando sua história, o prof. O'Brian pede que um empregado sirva uma sopa à Custódio.

Após descobrir um planeta com habitantes adequados, estes deveriam ser abduzidos e levados para Mayflower.

Mas porquê? Com qual objetivo? Pergunta Custódio.

Isso deveu-se aos cientistas mayflowerenses terem descoberto, após milhares de anos, de que todos os habitantes do meu planeta eram irmãos, vivendo o planeta inteiro, num incesto milenar! Isso explicava porque todos nós tínhamos o mesmo sobrenome! Flores! Nunca antes ninguém havia entendido o porquê desse fato! O mistério fora esclarecido finalmente.

Como essa situação pecaminosa não poderia continuar, as autoridades mayflowerenses decidiram por meio de um plebicito, importar pessoas para o planeta, a fim de que nossa raça não entrasse em extinção – uma vez que não poderíamos mais procriar entre nós. (mas, até essa solução ser encontrada, muito sofrimento abateu MayFlower. Muitos casais sacrificaram seus filhos para expiar o pecado do incesto que haviam cometido. Alguns os matavam abertamente, outros, por meio de acidentes providenciais.)
 
O meio encontrado para operacionalizar a importação de alienígenas, foi abduzir seres de outros planetas cujo dna fosse parecido com o nosso.

Eu encontrei a Terra, tendo sido então designado para realizar as abduções aqui. O método utilizado para a abdução era sempre o uso da sopa, feita com as plantas-mãe do MayFlower. Já a estratégia a ser empregada para servi-la aos futuros abduzidos, ficava por conta da criatividade do responsável por cada planeta.

Como há muitas igrejas na Terra, e muita gente faminta, tive a brilhante idéia de fundar uma igreja qualquer e tornar-me um reverendo caridoso.

De repente, Custódio se dá conta de que naquele exato momento está tomando a sopa! Pára imediatamente e pergunta: Eu também serei abduzido?

Sim, responde o prof. O'Brian! Com um estranho brilho nos olhos! O jovem tenta levantar-se, mas é detido fortemente pelo inca venusiano, que o amarra na cadeira com raízes de plantas-mãe.

Aguarde o final da história! Diz o O'Brian.

E assim acaba a história! Diz o reverendo. Aqui estamos nós, levando embora o último terráqueo selecionado para ser abduzido: você! Apontando para Custódio!

Ok, diz Custódio! Eu quero mesmo ir! Assim poderei finalmente conhecer o meu pai, que já se encontra no seu planeta! Mas antes, ainda preciso saber um detalhe! O prof. O'Brian também estava aqui para abduzir as pessoas?

Não, respondeu o reverendo, contorcendo a face horrivelmente, numa tentativa vã de verter algumas lágrimas. O meu filho, colocando as mãos no ombro de O'Brian, caiu do meu disco voador ainda pequenino quando eu inspecionava a Terra pela primeira vez! Nunca o encontrei, até o dia em que vocês dois apareceram na minha igreja! Tive a certeza de ser ele, o meu querido Aleksander Flores! O prof. O'Brian também contorceu a face numa careta horrível, e igualmente ao pai, nenhuma lágrima rolou.

Caí nos Estados Unidos. Fui encontrado dentro de uma moita por um casal que imediatamente me adotou e me criou como filho legítimo, explica o professor. Por isso sempre senti que não pertencia a este planeta! Sempre deslocado e sentindo atração pelas estrelas! Agora finalmente irei para casa! Diz, com um sorriso de boneco.

Ele se parece mais velho do que eu, apontando para o filho, porque passou a vida sem tomar nossa sopa de plantas-mãe. Ela revigora e conserva o corpo jovem por mais tempo! Explica o reverendo, prontamente traduzido pelo inca.

Agora, vamos ao que interessa! Diz Augusto das Flores, levantando-se e erguendo os braços de olhos fechados, com a face mais mumificada do que nunca! O prof. O'Brian faz o mesmo. Uma luz invade a sala da casa e, acima de suas cabeças, um grande disco voador surge, fulgurante! Os quatro homens são sugados para dentro dele.

E assim acaba nossa história. O jovem investigador Custódio Costa Curta vai para MayFlower e nunca mais na Terra, ouve-se falar dele, do Prof. Harvey O'Brian e do reverendo Augusto das Flores, cuja igreja implode após a saída do disco da atmosfera terrestre.

FIM

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Flores Na Terra - parte II

Queridos amigos!

Finalmente terminei de escrever mais uma História Pegajosa! A parte I foi publicado na revista O Absurdo Fantástico postada fixamente no blog (por aí no seu design, à direita, verifiquem, por favor!).

Agora, posto aqui, a parte II (que talvez tenha que ser postada em 2 partes...):

Flores Na Terra

Parte II

Após a acirrada e inusitada insistência do prof. O´Brian para ir com Custódio até a Igreja interrogar o reverendo Flores – uma vez que ansiava descobrir mais sobre as plantas extraterrestres, o jovem investigador dá-se por vencido, aceitando a companhia do querido mestre.

O reverendo já esperava a visita do investigador, pois, após vê-lo remexendo em seu quintal, desconfiou que ele o investigava, e que a qualquer momento o receberia em sua paróquia. Porém, não esperava que ele chegasse acompanhado, e justamente por quem! O susto, ao vislumbrar o prof. O´Brian empalideceu Flores, cuja impassibilidade facial, ao perder a cor, retorceu-se estranhamente por alguns segundos. Quase não conseguindo disfarçar seu mal estar, fala alto e esganiçadamente por alguns minutos, antes mesmo de ser abordado por Custódio ou O'Brian, que não entendem bulhufas do que ele diz. Ao fim de sua esquisitíssima fala, um dos seus secretários  entra na sala e explica que o reverendo não está bem, e pede gentilmente que os dois voltem um outro dia. Após certa relutância em sair - mais por parte do professor do que do investigador, os dois concordam em voltar outro dia.

No silêncio do seu lar, pensando nas flores astrais - cujas informações não conseguiu ainda obter devido ao inesperado comportamento do estranho reverendo, O'Brian começa a cochilar e, nesse estado de semi-sono, ou semi-vigília, vê-se criança caindo de um avião...ou seria de um helicóptero? Caindo pelo céu aberto, via a terra lá embaixo, cheia de casinhas, pessoinhas e plantinhas! Sim, ele se viu caindo....mas não parecia que caía de um helicóptero, muito menos de um avião! Ele caía....de um disco voador!

O menino vai caindo, caindo, caindo. Quando já no final da queda, a pouco de espatifar-se no chão, a milésimos de segundos, O'Brian acorda num pulo! O coração acelerado, a respiração ofegante, os olhos estatelados, e distante, bem distante, ainda ressoava em sua cabeça resquícios de uma voz esganiçada, como a do reverendo Flores, que gritava ao longe numa língua desconhecida.
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Custódio Costa Curta, cada vez mais desconfiado do reverendo, resolve vigiá-lo. Disfarçado de travesti, vai ao culto – não deixando, claro, de tomar a sopa, que está cada dia mais deliciosa! Logo em seguida, começa a fazer “ponto” perto da igreja para poder observar Flores a noite sem levantar suspeitas.

Lá pelas tantas da madrugada, lua cheia no céu, o jovem investigador, com os pés “bombando” de dores devido ao uso prolongado de sandálias de salto alto, cansado de despachar velhotes e senhores com cara de respeitados “pais de família” que solicitavam “programas” com ele, e já decidido a voltar para casa, para sua grande surpresa, vê Flores saindo da Igreja pedalando uma bicicleta!

Custódio, mais do que depressa arranca as malditas sandálias e corre descalço até seu carro. Vai acompanhando o reverendo bem devagar, fazendo paradas estratégicas para que ele não desconfie de estar sendo seguido.

Numa das paradas, deixando o vidro do carro aberto, é abordado por um policial que fazia uma ronda de motocicleta por ali. Questionado sobre o que fazia parado naquele local, ele diz que esperava um cliente. O policial então, pede uma transa grátis, em troca de não levá-lo preso por posse de drogas. O investigador travestido, para surpresa do policial, saca seu revólver e põe o "guardinha" para correr. Após esse incidente, descobre decepcionado que o reverendo havia desaparecido da sua vista! Com raiva e exausto, joga a peruca na cara de um sujeito que acabara de enconstar no seu carro perguntando se faria um “programinha rápido” com ele.

Sai cantando os pneus - sob uma lua cujo brilho era entrecortado vez ou outra pelo vai e vém de um disco voador, que cismava em obscurecê-lo. (continua...)

domingo, 3 de outubro de 2010

ZuZu

Olá amigos! Leitores e companheiros de malhação!


Tô aqui! Mas, novamente não é para dar continuidade às incríveis Histórias Pegajosas (tenham paciência!)! Mas, para postar o poema de uma amiga minha (Liv´s de Lórien). Como o poema é indicado para fedelhos (!), ela pediu-me que o postasse aqui, uma vez que seu blog é para adultos (!).

Pois bem, sabe como é amizade né, devendo favores, etc....aqui vai o poema:


ZuZu


Zureta.......gíria popular!

Zurema.........que é isso?

Zuleika...é um nome!

Zumaia.............................é uma cidade!


Zuzu, carinhoso apelido,
de que?
de Zuleika?
de Zumaia?
de Zurema? (não seria Jurema?)


Zuzu, cãozinho malhado e felpudo.
Zum, zum, faz a abelhinha.


Então, fica assim:


Zuzu, o cãozinho malhado e felpudo,
picado pela abelhinha,
latindo correu, todo zureta:

Zuau, Zuau, Zuau!


29.09.06



terça-feira, 31 de agosto de 2010

Depois de muito tempo, eis-me aqui novamente: eu, Maga!

Pois é amigos, sumi! Mas voltei! Porém rapidamente! Somente para dar a dica de um livro...que eu não li...ainda!

Na verdade, ainda estou em dúvida se devo lê-lo ou não...sabe, se eu ganhá-lo acho que o leio...hehehe...pão-durice!

Bom, vamos lá! Como eu não o li, não poderei dar minha opinião, então, estou botando uma opinião que achei na internet:

Mistura de ficção, memória e ensaio especulativo, obra não se enquadra em nenhum gênero literário preestabelecido. O autor relembra muitas perguntas e inquietações de sua infância e adolescência.


Em novo livro, Marcelo Coelho usa o universo da Disney para satirizar mitos culturais, religiosos e políticos

ALCINO LEITE NETO
DE SÃO PAULO


"Patópolis", de Marcelo Coelho, praticamente começa com a descrição de um quadrinho: Pato Donald lê, em sua poltrona, uma obra que se chama "Livro Chato".

O tema desencadeia as reminiscências do autor, bem como um torvelinho de reflexões e ironias sobre a chatice das coisas e o "achatamento" do mundo.

A cidade imaginária de Disney vai se sobrepondo às memórias e à realidade, até se transformar --mais real que o real-- na referência primordial de todas as coisas. Tudo se miniaturiza, se quadriniza e se "patifica".

Coelho conta que o livro começou a ser feito há cerca de 15 anos. "Escrevi dois capítulos, mas me perdi no labirinto das especulações e não conseguia sair."

Para dar ao leitor um exemplo de "livro chato", o escritor iniciou um conto que seria inserido no meio de "Patópolis". O conto, porém, ganhou vida própria e se transformou na novela (também satírica) "Jantando com Melvin", lançada em 1998.

"Patópolis" continuou empacado, até que, no final do ano passado, Coelho se colocou como resolução de ano novo terminar a obra.

Para tanto, quase não precisou reler os gibis de Disney. "Eu os li muito até os nove anos. Tudo o que citei são coisas das quais me recordo. Nunca parei de pensar um pouco como criança e, quando era criança, pensava um pouco como adulto", diz o autor, pai de dois garotos que não ligam para gibis.


ANTIGAS LEITURAS

O livro é pontuado pelas reminiscências de Coelho a respeito das leituras que fez na infância e na juventude. "Desde pequeno eu lia muito. Os livros acabaram sendo uma realidade mais intensamente vivida por mim. A experiência de vida foi substituída por uma experiência de leitura", explica.

São essas leituras que norteiam as lembranças do passado, do qual Coelho faz uma descrição patética e rebaixada. Aproveita, no caminho, para demolir a religião ("nunca vimos um pato na cruz"), sistemas filosóficos e políticos, além de uma série de paixões intelectuais, como Pascal ("nome aliás de pato enfermiço").

Coelho é, porém, cauteloso ao falar de "Patópolis" como um ataque à regressão social e cultural de nossa época. "Não sei se a dificuldade de maturação é um tema do livro, ou se o livro é um sintoma disso. Adorno estaria denunciando a regressão de nossa época, eu estou me debatendo com isso e desfrutando", confessa.


PATÓPOLIS
AUTOR Marcelo Coelho
EDITORA Iluminuras
QUANTO R$ 35 (136 págs.)



quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Primeiro Poema da Maga






Olá Queridos!

Maga anda sem inspiração por hora para continuar com o Zum, então, pediu-me que postasse o poema abaixo, o primeiro que ela escreveu. Ao lado, para ilustrar a postagem, lindo e inspirado desenho de nossa amiga Luciana Chaves.


beijos da Xica pra vcs! (e da Maga também!)



O FIO DA MEADA


No fino e delgado emaranhado das tuas idéias havia um gato.
Peludo e sonoro, achou o fio da tua meada,
dando à tua vida, grande guinada
Desfiando o teu humor, alongando o teu valor e enlaçando o teu calor,
tricotou contigo o amor
Tendo tua pele um dia, com unhas de gato arranhado, fugiu envergonhado...
Mas o amor é danado!
Seguindo teus pontos, farejou o bichano, o caminho para o teu coração,
e humildemente pediu o teu perdão
Alinhavada tua emoção, ele em teus braços se acrochetou
O que, uma explosão de amor provocou!
A mil pedaladas, o fio da meada foi retomado,
e bordado foi, em seus corações,
o amor!
Agora, sem arranhões...


2009/10