sábado, 14 de fevereiro de 2009

PLUMCT, O ET - continuação [ parte IX ]

De volta ao lar, à Terra - agora novamente possuída de livre-arbítrio, Plumct encerra a reunião com os assessores dos políticos, cancelando sua futura candidatura à presidência de algum país terráqueo. Sob muitos protestos, ele sai de cena e desaparece da vista de todos, até dos que trabalhavam com ele em suas aulas de sedução para terráqueos heterossexuais nerds e terráqueas homossexuais nerds.

As duas lunáticas, acompanhando Plumct na reunião, aproveitam a presença dos vários terráqueos do sexo masculino dentro de ternos chiques, reunidos no mesmo recinto, para caçar; saindo cada uma com um deles à tiracolo, direto para o motel mais próximo e mais caro, pois Plumct agora, já era passado para elas e vice-versa.

O ET, após esses três anos de viagens espaciais, sente que algo mudou dentro dele. Após esse período de muita farra e muito sexo sem compromisso de abdução e muito menos de sedução, ele se sente satisfeito, mas cansado, envelhecido e sem objetivos. Nem suas aulas em prol do bem da humanidade o empolgam mais, e ele desiste das mesmas definitivamente, provocando com isso, grande revolta em todo o público alvo do seu curso.

As associações de lésbicas do planeta todo retiram de Plumct o título de Patrono das mesmas, os nerds estadunidenses colocam na internet fotos bizarras do ET – obviamente montadas por eles para desmoralizarem-no e etc. mundo afora, de Norte a Sul, Leste a Oeste. Mas Plumct não se abala, sua decisão estava tomada e ponto final! Afinal, ele estava seguindo seu coração!

O lado humano de Plumct encontra-se cada vez mais à flor da pele, e ele sente que algo dentro dele está pedindo algum outro “algo”! Mas o quê? Indaga-se ele! Depois de muito pensar ele decide fazer uma peregrinação pela Terra a fim de encontrar esse outro “algo” – seja ele o que for!

Após alguns meses de caminhada, com uma mochila nas costas, um cajado na mão, óculos escuro “gatinho” - lembrança das lunáticas, e um chapéu de cowboy (presente do único ser do mesmo sexo que Plumct abduziu e seduziu), ele toma conhecimento de um super herói residente na cidade de Ribeirão Preto, no interior do Estado de São Paulo, no país tropical Brasil, na América do Sul, conhecido como Insector Sun. Como esse herói não era muito divulgado pelo planeta afora, diferente dos heróis carne-de-vaca, tipo super-homem, batman, homem de ferro, mulher maravilha, homem-aranha e bugiganga que o valha (com todo respeito pelo heroísmo quase secular deles), sobre os quais todo mundo já sabia tudo, Plumct sente um grande desejo de conhecê-lo para tentar aprender “algo” novo com ele.

Poderia ser isso o “algo” que ele sentia estar faltando em sua vida?

Assim, nosso ET parte para Ribeirão Preto, "a cidade aonde o sol derrete até o asfalto" **, para conhecer Insector Sun – o guardião da Terra! (continua...)


* * frase de Christiano Silva (Kri Lee), criador do Insector Sun

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

PLUMCT, O ET - continuação [ parte VIII ]


Plumct constata estupefato, que na Terra a reprise ainda não tinha terminado! Consequentemente, ele não poderia retomar suas atividades, pois todo o planeta estava vivendo há três anos atrás, segundo as contas que fez, calculando x+y=00+101001100101010101010000111000101 = ... – cálculo ensinado pelo grande vidente e chefe da defesa civil mercuriana com quem Plumct fez alguns treinamentos no início de sua carreira como ET abdutor e sedutor.

Vagando pelos lugares que costumava frequentar, o ET pôde assistir aos episódios da sua vida que aconteceram no passado se repetindo, porém, sem a sua presença! Viu várias das suas abduzidas e seduzidas sendo abduzidas e seduzidas por ele mesmo, porém, sem ele! Nessa reprise, todos os seus atos dos últimos três anos estavam sendo reprisados, porém, sem ele! Era como se atores contracenassem numa peça ou filme com um ator invisível!

A constatação desse esdrúxulo fenômeno deixa Plumct bastante abalado, o que desencadeia nele alguns ataques de mini-pânico. Desnorteado e sem poder consultar um psiquiatra e um psicólogo comportamental, nosso ET resolve deixar a Terra até que a mesma volte para o instante em que estava antes do tremor. Sem pensar duas vezes, faz uma revisão no seu disco voador e se joga no universo!

Após perder-se várias vezes pelo universo conhecido, pois já havia um bom tempo que ele não fazia viagens interplanetárias e algumas rotas espacias haviam sido alteradas pelo departamento de trânsito intergaláctico, Plumct encontra o paradisíaco, minúsculo e distante planeta Oásis, situado no limiar do universo desconhecido, aonde conhece algumas lunáticas compradas pelo ditador desse planeta para serem suas escravas domésticas e sexuais.

Nos hotéis baratos do mercado de pulgas de Oásis, Plumct abduz e seduz duas dessas lunáticas, acabando por sequestrá-las e levá-las consigo em seu disco voador num momento de mini-pânico! No entanto, isso ocorreu para felicidade das mesmas, que estavam exaustas de servir ao balofo ditador oasiano, que todo dia as obrigava a participar das festas na sede do governo, regadas a cerveja, churrasco e pagode – comportamento adotado por meio do benchmarking realizado em uma viagem de negócios pelo país terráqueo Brasil empreendida pelo ministro do turismo oasiano, que queria incentivar a visitação turística ao planeta.

Plumct então, vai vivendo nestes três anos que ainda restam para terminar a reprise na Terra, viajando de planeta em planeta, de estrela em estrela, de satélite em satélite, na companhia das duas lunáticas que se tornam suas amantes e amantes uma da outra.

Até que, um dia, Bubu, o computador de bordo (fêmea) do disco voador de Plumct, programado para avisar quando os três anos da reprise terráquea terminassem, berra o alarme de aviso: FIM DA REPRISE TERRÁQUEAAAAA! VAMOS PRA CAAAAASA! CABELOS, DEPILAÇÃO, UNHAS, SILICONE e LIPOOOO FINALMENTEEEEE! E segue rebolando disco adentro. (continua...)

PS. todo cosmonauta que se preze (seja ele um ET ou não) tem como melhor amigo, conselheiro e co-piloto, um computador de bordo temperamental (macho ou fêmea, tanto faz). Assim, antes de começar a viagem de espera pelo fim da reprise na Terra, Plumct passa pelo planeta Hercólubus, cuja reprise tinha durado somente 393 dias e 3 horas e meia, e manda consertar o seu computador de bordo temperamental Bubu (que estava quebrado há anos, pois Plumct havia fixado residência na Terra e largou mão de seu companheiro, amigo e co-piloto).

PS1: computador de bordo é a raça do bicho, devido a isso, sendo macho ou fêmea sempre se referem a eles no masculino.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

PLUMCT, O ET - continuação [parte VII]


O planeta natal de Plumct, chamado de Sem-Nome ou Planeta Maria-vai-com-as-outras, é um planeta mutante, em constante crise de identidade – único em todo o universo conhecido! De tempos em tempos, ele absorve as características de algum planeta inteiro, ou de parte de algum outro – podendo as duas coisas acontecerem simultaneamente em localidades diferentes.

A intensidade da crise do Sem-Nome ou Maria-vai-com-as-outras é proporcional à sua proximidade com o planeta desencadeador da mesma, bem como a uma série de outros pequenos fatores extremamente científicos e complicadíssimos, quase sobrenaturais, os quais não explicarei aqui.

Na época da adolescência de Plumct, a crise de seu planeta foi a absorção da cultura estadunidense do planeta Terra. Essa fase tornou-se muito problemática para o ET, devido ao fato de sua personalidade ter absorvido as características de um estudante nerd dos anos 1980.

Por aí, pode-se imaginar como Plumct sofreu na escola com as humilhações a que foi submetido por seus colegas, tipo Carrie, a estranha, e tantos outros filmes que relatam o sofrimento dos estudantes nerds estadunidenses.

Voltando à reprise causada pelo tremor de tempo, durante toda a sua duração, Plumct teve que re-viver essa sua adolescência de nerd terráqueo estadunidense sem poder mudar uma vírgula da mesma; e sem poder usar a experiência que adquiriu posteriormente à essa época, abduzindo e seduzindo terráqueas das mais diversas nacionalidades. Pobre Plumct!

E assim foi continuando a reprise...tanto no planeta Sem-Nome ou Maria-vai-com-as-outras, quanto nos demais planetas atingidos pelo tremor de tempo.
O universo conhecido entra num imenso colapso tempo-espacial e quase implode, num big bang às avessas! Mas o “quase” se mantém extático, e nada acontece além da reprise coletiva.

Mas, depois dos tempos específicos de duração do retorno ao passado de cada planeta, uma a uma, as reprises vão terminando, e com isso vem as consequências imediatas e desastrosas da reinstalação do livre-arbítrio repentino – aonde as pessoas deixam de ser robôs de suas próprias vidas e começam a escrever uma nova história.

Os incidentes e acidentes relatados nos Anais... são bastante parecidos aos narrados por Vonnegut durante o primeiro tremor: pessoas sendo atropeladas por carros desgovernados, aviões voando sem saber aonde aterrissar, seres viventes parados sem saber o que fazer ou para onde ir, e demais ocorrências do tipo (dependendo do planeta, claro!). Tudo isso devido aos seres vivos dos planetas atingidos pelo tremor terem esquecido o livre-arbítrio de realizar suas ações durante a reprise - aonde todos viveram no “piloto automático” (termo usado por Vonnegut para ilustrar esse fenômeno, cujo cessamento repentino foi cunhado por ele de Apatia Pós-Tremor – APT, e adotado unanimemente pelos cientistas que estudaram este segundo tremor de tempo).

A volta de Plumct ao instante em que se encontrava no momento do tremor não foi diferente. Viu-se sentado e de boca aberta, numa mesa de reuniões lotada de papéis, sobre a qual o prefeito da cidade terráquea aonde ele havia se reunido com os políticos e seus assessores, fazia sexo com a moça encarregada das fotocópias, completamente nus.

Até Plumct perceber que já estava novamente possuído de livre-arbítrio, durante um bom tempo presenciou didaticamente o empenho do casal em praticar várias acrobacias sobre a mesa, a despeito da sua boquiaberta e alienígena presença, pois os dois ainda encontravam-se no piloto-automático. (continua...)