terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

PLUMCT, O ET - continuação [parte VII]


O planeta natal de Plumct, chamado de Sem-Nome ou Planeta Maria-vai-com-as-outras, é um planeta mutante, em constante crise de identidade – único em todo o universo conhecido! De tempos em tempos, ele absorve as características de algum planeta inteiro, ou de parte de algum outro – podendo as duas coisas acontecerem simultaneamente em localidades diferentes.

A intensidade da crise do Sem-Nome ou Maria-vai-com-as-outras é proporcional à sua proximidade com o planeta desencadeador da mesma, bem como a uma série de outros pequenos fatores extremamente científicos e complicadíssimos, quase sobrenaturais, os quais não explicarei aqui.

Na época da adolescência de Plumct, a crise de seu planeta foi a absorção da cultura estadunidense do planeta Terra. Essa fase tornou-se muito problemática para o ET, devido ao fato de sua personalidade ter absorvido as características de um estudante nerd dos anos 1980.

Por aí, pode-se imaginar como Plumct sofreu na escola com as humilhações a que foi submetido por seus colegas, tipo Carrie, a estranha, e tantos outros filmes que relatam o sofrimento dos estudantes nerds estadunidenses.

Voltando à reprise causada pelo tremor de tempo, durante toda a sua duração, Plumct teve que re-viver essa sua adolescência de nerd terráqueo estadunidense sem poder mudar uma vírgula da mesma; e sem poder usar a experiência que adquiriu posteriormente à essa época, abduzindo e seduzindo terráqueas das mais diversas nacionalidades. Pobre Plumct!

E assim foi continuando a reprise...tanto no planeta Sem-Nome ou Maria-vai-com-as-outras, quanto nos demais planetas atingidos pelo tremor de tempo.
O universo conhecido entra num imenso colapso tempo-espacial e quase implode, num big bang às avessas! Mas o “quase” se mantém extático, e nada acontece além da reprise coletiva.

Mas, depois dos tempos específicos de duração do retorno ao passado de cada planeta, uma a uma, as reprises vão terminando, e com isso vem as consequências imediatas e desastrosas da reinstalação do livre-arbítrio repentino – aonde as pessoas deixam de ser robôs de suas próprias vidas e começam a escrever uma nova história.

Os incidentes e acidentes relatados nos Anais... são bastante parecidos aos narrados por Vonnegut durante o primeiro tremor: pessoas sendo atropeladas por carros desgovernados, aviões voando sem saber aonde aterrissar, seres viventes parados sem saber o que fazer ou para onde ir, e demais ocorrências do tipo (dependendo do planeta, claro!). Tudo isso devido aos seres vivos dos planetas atingidos pelo tremor terem esquecido o livre-arbítrio de realizar suas ações durante a reprise - aonde todos viveram no “piloto automático” (termo usado por Vonnegut para ilustrar esse fenômeno, cujo cessamento repentino foi cunhado por ele de Apatia Pós-Tremor – APT, e adotado unanimemente pelos cientistas que estudaram este segundo tremor de tempo).

A volta de Plumct ao instante em que se encontrava no momento do tremor não foi diferente. Viu-se sentado e de boca aberta, numa mesa de reuniões lotada de papéis, sobre a qual o prefeito da cidade terráquea aonde ele havia se reunido com os políticos e seus assessores, fazia sexo com a moça encarregada das fotocópias, completamente nus.

Até Plumct perceber que já estava novamente possuído de livre-arbítrio, durante um bom tempo presenciou didaticamente o empenho do casal em praticar várias acrobacias sobre a mesa, a despeito da sua boquiaberta e alienígena presença, pois os dois ainda encontravam-se no piloto-automático. (continua...)

Um comentário:

Anônimo disse...

ahahaha, queria ser este asessor!! afinal de contas o plumct ficou impressionado não é? akakaka